quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FORA DO EIXO ganha Prêmio Trip Transformadores


Fora do Eixo ganha Prêmio Trip Transformadores

Em agosto desse ano a Revista Trip, da editora de mesmo nome, anunciou os 14 homenageados ao Prêmio Trip Transformadores, e entre eles está o Circuito Fora do Eixo, representado por Pablo Capilé, um dos gestores da rede.
O troféu já passou pelas mãos de profissionais como Fernando Meirelles, Romário, Ivaldo Betazzo, Sidarta, Marcos Palmeira, Hermano Vianna, Monja Cohen e Tia Dag sempre na missão de homenagear realizadores que de alguma forma se desafiaram a mudar a realidade do meio em que vivem, através de projetos sociais e iniciativas inovadoras.
A reunião desses protagonistas invoca em seus homenageados, convidados e observadores o sentimento de união, além de provocar a certeza de que é possível fazer mais, principalmente se estivermos juntos. Como resultado em 04 anos, a iniciativa já tem grande importância e é reconhecida no ramo editorial.

Atualizando

Mesmo trilhando o caminho aclamado, em 2011 o Prêmio Trip Transformadores resolve dar o F5. Após pesquisar entre os vencedores dos últimos anos, a revista constatou, entre outras coisas, que é preciso criar uma atmosfera cooperativa, onde os indicados encontrem campos comuns de intercâmbio e estímulo, potencializando cada uma das iniciativas através das trocas de conhecimento e experiências.
Vídeo Trip Transformadores 2011
E justamente no ano que o prêmio resolve partir para essa linha de pensamento, o Fora do Eixo aparece entra na lista de transformadores. Na edição número 202 da publicação, com a chamada “O Futuro do Presente”, uma matéria apresenta os contemplados do prêmio deste ano e entre eles figura o Circuito Fora do Eixo.
Para qualificar a iniciativa, a revista descreve: “Organizado em rede de forma totalmente cooperativa, sem hierarquia e sem depender de rádios ou de qualquer coisa que remeta à indústria musical tradicional, o Circuito Fora do Eixo hoje produz em média 13 eventos culturais por dia em 112 cidades de 25 estados brasileiros”.
Congresso FdE
Show - Uberlândia
Loja FDE
A matéria ainda destaca o movimento como algo antagônico a acontecimentos mundiais como desemprego em larga escala na Europa e calote proveniente dos Estados Unidos, além de elogiar a sistematização forte por trás da junção das mais variadas funções da cadeia produtiva da cultura trabalhando em conjunto. O mesmo texto ressalta outros dados que indicam a grandeza do movimento como os 5 mil shows realizados no ano passado.

Outros vencedores

Neste ano, o Fora do Eixo está entre pessoas como Alcione de Albanesi, que entregou 04 vilas com casa nova, saneamento, mobília, enxoval e rede elétrica para 9.000 pessoas. Jean Wyllys, deputado federal e militante dos direitos dos homossexuais e Leonardo Sakamoto, jornalista, fundador e coordenador da ONG Repórter Brasil, entre outros.

Além do Prêmio

Os 14 homenageados receberão o troféu no dia 26 de outubro, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo. Mas eles se encontram antes. Desde 2008 a Trip promove encontros entre os homenageados, estimulando a troca entre os pensadores e a criação de novos projetos e o fortalecimento dos já existentes.
Saiba mais, visite o site: revistatrip.com.br/transformadores

domingo, 7 de agosto de 2011

1º Festival Expresso Cultural em Sobradinho: mais um festival independente na região centro-serra

No dia em que o inverno resolveu lembrar a todos que julho ainda é um de seus meses, o frio, a garoa fina e o vento não impediram que o público permanecesse até à noite no Quiosque da Praça, no centro de Sobradinho, para apreciar a programação do 1º Festival Expresso Cultural. O projeto veio para se firmar como mais um festival independente da região, ao lado de iniciativas como o Festmalta, cuja sexta edição foi realizada em janeiro deste ano, em Ibarama, e o Pira Rural, realizado em meados de abril.

A atividade iniciou na tarde de domingo, 31 de julho, com a apresentação do Coletivo artístico cultural recém-nascido na cidade. Coletivo, inclusive, que ainda não foi batizado, embora algumas ideias tenham surgido depois de sugestões de nome terem sido requisitadas aos presentes. A ausência de um nome definitivo, contudo, não impediu que a primeira atividade realizada reunisse as pessoas durante uma tarde inteira de programação, agregando o público cativo do rock'n'roll sobradinhense a caras novas.

Apresentação da banda Segunda Face
Durante a tarde, também foi lançada a ideia de um livro que conte a história do rock em Sobradinho, reunindo informações sobre todas as bandas que já surgiram na cidade e região. O livro, a ser editado pela Fora do Eixo Letras (FEL), é uma das iniciativas do novo coletivo. A ideia é prestar tributo às pessoas que movimentaram e movimentam a cena musical local - desde os anos 70, já foram contabilizadas 37 bandas, e a contagem ainda pode crescer. O número é expressivo, e o resgate histórico é uma forma de registrar as iniciativas que, ao longo dos anos, abriram espaço em um terreno que poderia parecer infértil. Se hoje a valorização das iniciativas independentes tem cada vez mais respaldo, o levantamento histórico das bandas de Sobradinho nos impele a perceber que esse é um espírito mais do que presente na juventude local - especialmente considerando-se que estamos falando de uma cidade do Centro-Serra, interior gaúcho, com menos de vinte mil habitantes.

Feitas as apresentações, subiu ao palco a banda local Segunda Face, projeto surgido ainda este ano e focado nas canções autorais. O power trio composto pelo baterista Nilo, pelo baixista Christian e pelo vocalista e guitarrista Cássio, fez o primeiro dos três shows do dia. Com a proposta de "fazer rock clássico, barulhento e inconsequente", nas palavras do vocalista Cássio, a banda apresentou uma série de músicas próprias e covers de duas de suas principais referências, Ramones e Social Distortion.

Em seguida, a Companhia Teatro de Guerrilha, de Esteio, apresentou a esquete "A Psicóloga". O grupo integra o Coletivo Tomada, ligado ao circuito Fora do Eixo e que já havia estabelecido relação com o grupo sobradinhense no último Festlmalta e no Grito do Rock 2011, em Esteio.
Apresentação da Saturno de José, integrante do Coletivo do Tomada
Ao anoitecer, a segunda banda a subir ao palco foi Saturno de José, também de Esteio e integrante do Coletivo Tomada. Fruto de um projeto ousado de mais de 2 anos, a banda esteiense impressionou no palco, apresentando uma proposta musical experimentativa e de referências variadas. As composições agregaram à tradicional "cozinha" do rock instrumentos como bandolim, flauta transversa, harmônica e sintetizador, complementados por violão e percussão.

No intervalo entre as apresentações, o som mecânico rolava músicas de Rinoceronte, Pindorália, Pata de elefante, Geringonça, Vitroleiro Maluco, Pylla, Los Arcáides, entre outras - bandas independentes de todo o país, devidamente creditadas e apresentadas no microfone a quem estivesse interessado em conhecer. A proposta, segundo o vocalista da banda Superfusa e um dos organizadores do evento, Ediberto Patta, foi de apresentar coisas novas - todas as gravações são dos anos 2000  - e valorizar a produção independente nacional.

Superfusa, de Sobradinho
 
A terceira apresentação foi da banda de rock sobradinhense Superfusa, que integra o coletivo responsável pela organização do evento, ao lado do estúdio do guitarrista Jamil e outros colaboradores da cena artística local. No último show da noite, as pessoas que enfrentaram o frio e o vento à base de quentão presenciaram a execução enérgica do rock autoral da banda - acompanhada pelo público que se aproximou do palco - e dois covers, de Cascaveletes e Beatles. Em atividade desde 2009, o quarteto do vocalista e guitarrista Ediberto Patta, do baixista Johnny Moura, do guitarrista Caká Rathke e do baterista Daniel João está trabalhando em dois projetos - o single Alucinações e um EP - programados ainda para este ano.

O que se viu no palco daquele domingo traduz o intuito do coletivo ainda sem nome: a valorização da identidade e da história da cena local e o incentivo à renovação. A apresentação das duas bandas locais da cidade, Superfusa e Segunda Face, funcionou como uma metáfora da constante e necessária renovação da cena: enquanto os demais integrantes de ambas as bandas já possuem uma trajetória de anos na cena musical da cidade, Cacá, 18 anos, guitarrista da Superfusa, e Christian, 15 anos, baixista da Segunda Face, representam a nova geração que, como na letra de uma das músicas apresentadas, "está aí mostrando as caras". A novidade não existe sem a tradição, e esta, em Sobradinho, respirou novos ares na tarde de 31 de julho.

  

Texto e fotos: Tiago Miotto